sábado, 22 de fevereiro de 2014

Eu, coração de pedra, ando amolecido. Efeitos do tempo, efeitos da distância. De criança dócil à adolescente revoltada, embora que tímida. De adolescente revoltada à jovem adulto bizarro e razoavelmente antissocial. De criança que amava muito à um ser estranho a cada gesto de afeto. Não que eu fosse ruim, as circunstância é que me deixaram um pouco dormente. Eu sabia o que eu sentia mas não tinha noção da profundidade e nem da extensão. Eu nadava em mar aberto mas me via numa piscina daquelas em que a gente da pé. Não, eu não tive uma vida cruel e nem passei necessidade mas sofrer pelos outros e/ou por causa deles me deixou marcas... Quais? Medo da entrega, medo da impotência face à despedida, medo das voltas que o mundo dá. E foi justamente numa delas que eu me encontrei sozinha louca por um gesto de afeto, precisando do abraço dos meus pais. Porque se eu sempre me senti sozinha em meio a uma multidão, agora me sinto num deserto sem ter pra quem acenar.

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